O Hospital Santa Rita teve seis trabalhos aprovados para o Congresso Nacional de Hospitais Privados – Conahp, que será realizado em São Paulo, nos dias 18 e 19 de outubro deste ano.
Os trabalhos aprovados serão expostos digitalmente na sessão pôster durante o congresso e publicados no site do evento.
Confira o resumo dos trabalhos:
1- Implantação do Escritório de Gestão de Alta (EGA) e ferramentas de desospitalização eficiente
O giro de leitos e a utilização eficiente do leito hospitalar traz inúmeras vantagens nos processos de acesso e continuidade do cuidado das instituições hospitalares. Nessa perspectiva de inovação, o Hospital Santa Rita de Cássia implementa o seu Escritório de Gestão de Alta (EGA), em junho de 2021, como forma de contribuir com uma maior eficiência e resolutividade dos processos clínicos, garantindo um melhor fluxo dentro da unidade.
Ao longo da construção do projeto, foram desenvolvidas e utilizadas ferramentas tecnológicas com a finalidade de otimizar o processo de desospitalização e inovar o fluxo de renovação do leito. Após aculturamento e consolidação do Escritório de Gestão de Altas na instituição, atingimos um giro de leito de 6.2, patamar nunca alcançado na instituição. O número de pareceres solicitados para o time demonstra a maturidade institucional e credibilidade nos resultados obtidos após atuação e intervenção do EGA. Atingimos uma rede de contrarreferência sólida e fluida, com clínicas de transição e auditores em franca comunicação e construção de um conceito dentro da agenda de valor.
Para organização do plano de ação, utilizamos a ferramenta 5W2H, quando o escopo e equipe de trabalho foram definidos e designados para atuação ativa nas pendências de alta por meio de visitas multiprofissionais, Huddles semanais, painéis informatizados de alerta e monitoramento de pendências de exames e pareceres, alertas de solicitação de parecer via Telegram, aulas de aculturamento institucional sobre o Escritório de Gestão de Alta, auditoria ativa de prontuário em busca de pendências e falhas de processos que impactam na permanência do paciente, além de painéis de indicadores da ferramenta Business Intelligence (BI).
A atuação do time tem caráter educativo e intervencionista nos fluxos no sentido de acelerá-los. Dentre tantos desafios do mundo e das instituições de saúde na era pós pandemia, manter um hospital sustentável, com qualidade e excelência operacional, certamente envolve o uso consciente dos recursos e, essencialmente, o recurso finito e estratégico que é o leito hospitalar. Se o planejamento da alta não for uma pauta de cuidado assistencial desde o momento da internação, não há como garantir permanências aceitáveis, redução de glosas e desfechos favoráveis ao paciente em sua linha de cuidado. Esse trabalho corroborou essa correlação.
2- Informatização do processo de gerenciamento de leito para garantia do acesso ao cuidado
O gerenciamento eficiente do leito hospitalar é um grande desafio das instituições de saúde de maneira geral. Além da experiência positiva do paciente, há de se considerar também a agilidade do acesso ao cuidado e os impactos que a espera pelo leito pode ter sobre o paciente, desde o início célere de uma terapia até a deterioração clínica do doente. As etapas de preparo e liberação do leito, bem como o planejamento de ocupação e disponibilidade do recurso, permeiam várias interfaces da operação e, na maioria dos hospitais, todo esse processo ainda é extremamente manual. Usar o leito em sua máxima capacidade e disponibilizá-lo no tempo e nas condições adequadas ao cliente requer um planejamento minucioso e estratégico.
Ferramentas como planilhas de Excel, ligações telefônicas, e-mails, protocolos manuais e o próprio painel de leitos do sistema operacional de saúde viabilizam muitas falhas e desperdícios nos processos. Pensando em tornar o fluxo de liberação e planejamento do uso do leito mais enxuto e eficiente, o Hospital Santa Rita informatizou todo o seu processo de gerenciamento de leitos. Com um sistema de interface com todos os setores envolvidos, quando todos os acessos ocorrem por meio de tablets fixos nas unidades, a Gestão de Leitos da instituição consegue acompanhar em tempo real todo o processo de higiene, arrumação, interdição, manutenção e disponibilização desse leito por meio de dashboards e relatórios dinâmicos.
O fluxo de internação de urgência, desde o momento em que o médico solicita a vaga até a transferência do doente para o leito definitivo é informatizado. As vagas para as altas das unidades intensivas também são acompanhadas via painel, sem a necessidade de solicitações telefônicas ou e-mail. Reduzimos o tempo médio de disponibilidade de um leito de três para uma hora e meia. O tempo médio de resposta da Gestão de Leitos à solicitação de vaga para um paciente da urgência é pouco mais de uma hora.
Não temos, atualmente, cancelamentos de procedimentos eletivos no dia agendado por ausência de disponibilidade de vagas e nosso índice de reclamações de cliente por demora na disponibilidade do leito é extremamente baixo. A tecnologia aliada à inovação nos possibilitou acompanhar nossos processos por meio de indicadores de qualidade, além de garantir o acesso ao cuidado mais eficiente ao paciente.
3- Ferramentas de aculturamento da segurança hospitalar como meio de garantir a redução da evasão
A evasão hospitalar, também conhecida como abandono hospitalar, ocorre quando um paciente deixa o hospital sem a autorização ou orientação médica adequada. Esse fenômeno pode ter consequências sérias tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde como um todo. Do ponto de vista conceitual, é caracterizada pela saída prematura do paciente, interrompendo o tratamento e colocando em risco sua recuperação. Isso pode ocorrer por diversas razões, como insatisfação com o atendimento, temor em relação ao diagnóstico, falta de apoio familiar, entre outros fatores. No âmbito jurídico, a evasão hospitalar levanta questões importantes.
Os direitos do paciente são protegidos por leis e regulamentos, e é dever dos profissionais de saúde garantirem a segurança e o bem-estar dos pacientes. Quando ocorre a evasão, há uma quebra nessa responsabilidade legal, podendo gerar implicações legais tanto para o paciente quanto para a instituição de saúde. Sua relevância está relacionada aos impactos negativos que pode causar. Quando um paciente abandona o tratamento, sua condição de saúde pode piorar, resultando em complicações graves e até mesmo morte. Além disso, sobrecarrega o sistema de saúde, uma vez que recursos foram alocados para o tratamento do paciente que agora não estão sendo utilizados adequadamente. Prevenir a evasão hospitalar é essencial para garantir a continuidade do tratamento e a segurança dos pacientes.
É importante promover um ambiente acolhedor, com comunicação clara e eficaz entre os profissionais de saúde e o paciente. Além disso, é fundamental oferecer suporte emocional, informação adequada sobre o diagnóstico e o tratamento, e envolver a família na jornada de cuidados. Nessa perspectiva, o Hospital Santa Rita inicia, em setembro de 2022, um processo de aculturamento da segurança hospitalar, com ações e ferramentas de comunicação que tiveram com objetivo inovar a abordagem e os processos sobre o tema, de modo a reduzir o número de evasões na instituição. Saímos de uma média de 30 para 2 evasões/mês (redução de mais de 90%) após implementação das ferramentas e ações direcionadas. Institucionalização da Norma de Evasão e Alta a Pedido, campanhas internas junto à Comunicação e Marketing sobre o tema e promoção de encontro jurídico com o corpo clínico para alinhamento de condutas foram algumas das ações e ferramentas utilizadas.
4- Escritório de Valor
Avaliação do paciente com foco na otimização de processos, redução de desperdícios e melhoria no atendimento por protocolos, garantindo desfecho clínico, individualização do cuidado e otimização das prescrições, através de uma atuação proativa de valor em saúde com interface com as áreas assistenciais e a gestão de altas. Foi desenvolvido através de um mapeamento de valor em cadeia de saúde, para definir o histórico institucional e desenvolver modelo de análise que permita automatizar a verificação de oportunidades de correções e adequações de prescrição ou protocolos, gerando oportunidade de atendimento individualizado ao paciente, reduzindo custos, tempo de permanência e melhorando a experiência.
O modelo automatizado funciona da seguinte forma: análise de parâmetros prescritos com parâmetros do paciente, com avaliação comparativa automatizada. Caso os alarmes combinem, surge um efeito de notificação compulsória para as equipes. O paciente é reavaliado e as oportunidades são definidas, prescritas ou mantidas, dependendo do cuidado individual. Exemplo prático 1: paciente com aprazamento de duas medicações SOS para dor. Necessário reavaliar o manejo de dor, com prescrição de horário. Exemplo prático 2: paciente com prescrição de dieta livre e realização de hgt. Caso não seja do grupo de exclusão (dieta enteral com tentativa de dieta oral / gestante); paciente reavaliado para suspender o HGT ou corrigir a dieta. Desta forma, foram mapeados 22 alarmes e padronizados 14 de forma automatizada, permitindo alertas automáticos.
No período de avaliação dos pacientes pelo escritório de valor, conseguimos evidenciar os seguintes resultados de forma dinâmica para sus e convênio. 9421 diárias salvas no sus; 25.358 oportunidades assistenciais de adequação de protocolos; 104.745 oportunidades de adequação de mat/med, como por exemplo alteração de via de acesso, suspensão de medicamentos e fortalecimento do manejo de dor com medicações adequadas e de melhor custo/benefício. 8.116 suspensões de medicamentos para lesão de mucosa gástrica; 1.299 oportunidades de suspensão de Haemoglucoteste; 9.792 oportunidades de correção de analgesia com acesso iv maior que 5 dias . Criação de painel automatizado por scripts, para avaliação de prescrições com oportunidades de adequação e individualização do cuidado.
5- Barreiras de proteção ao paciente implementadas na Quimioterapia
A avaliação de enfermagem foi instituída no setor de quimioterapia em 2020, com o objetivo de garantir um ambiente seguro para os pacientes em tratamento quimioterápico e minimizar a ocorrência de eventos adversos durante as suas sessões. Anteriormente era verificado os sinais vitais antes de iniciar a sessão de quimioterapia e ao finalizar a infusão, porém nem todos os pacientes eram avaliados devido a dinâmica do setor.
Em 2020 após um evento grave com um paciente que não tinha sido verificado os sinais vitais antes de iniciar a sessão de quimioterapia e após apontamentos de auditoria, foi instituída a avaliação de enfermagem para todos os pacientes antes de iniciar a sessão de quimioterapia e os sinais vitais continuaram a ser aferidos ao final da sessão. O técnico de enfermagem com auxílio de um monitor multiparamétrico afere os sinais vitais e questiona a ocorrência momentânea de dor, anota os dados em um formulário próprio, para posteriormente o enfermeiro avaliar com o auxílio da escala de deterioração, caso o paciente apresente escore igual ou maior que 3 o médico plantonista é acionado e ele passa a ser responsável por avaliar a liberação da sessão da quimioterapia.
Na avaliação de enfermagem são analisados os possíveis riscos assistenciais de cada paciente (e sinalizadas por cor na pulseira do paciente), a sua rede venosa ou cateter e se há necessidade de encaminhar para algum profissional da equipe multiprofissional. Com a ocorrência e registro de eventos, foram sendo implementados melhorias no setor para garantir a segurança do paciente, como a criação de placas de identificação de “dose pendente” e “reação adversa”.
Além dessas barreiras de segurança, outras já haviam sidos implementadas, como rastreabilidade por código de barra das medicações utilizadas pelos pacientes, conferência de nome completo e data de nascimento antes de administrar as medicações e antes de iniciar um tratamento quimioterápico é realizado uma explicação minuciosa sobre o procedimento e as possíveis reações, com entrega de documentação escrita.
Os pacientes e acompanhantes são instruídos como evitar contaminação das pessoas e do ambiente pós-quimioterapia. Após a instituição da avaliação de enfermagem e as barreiras de segurança, observa-se a não ocorrência de eventos graves decorrentes da deterioração clínica do paciente.
6- Segurança medicamentosa: implantação de dispensação de 2h/2h pela farmácia e redução de papel
Durante a assistência à saúde podem ocorrer erros frequentes que levam a eventos adversos no processo de assistência à saúde. Estima-se que o erro assistencial seja a terceira causa de morte nos EUA, estando atrás somente de doenças cardiovasculares e câncer, podendo chegar a 400.000 óbitos por ano (NPSF, 2015). 2/7
Considerando esse cenário preocupante, a Organização Mundial de Saúde – OMS lançou o programa Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, que orienta a criar medidas para assegurar a qualidade e segurança da assistência prestada nas unidades de saúde.
Dentre essas medidas, estão aquelas relacionadas a medicamentos, já que eventos adversos na prescrição, uso e administração de medicamentos podem ser verificados em todas as etapas da terapia do paciente e são importantes fatores que contribuem para a redução da segurança do paciente.
Sendo assim o nosso projeto foi de implementar a dispensação de medicamentos e materiais pela Farmácia em intervalos de 2h/2h, visando a redução de medicamentos disponíveis nos setores, contribuindo para maior segurança do paciente; melhorar a identificação dos medicamentos com maior potencial de dano e tornar a farmácia digital sem impressão de papel.
Pode-se observar melhoria na segurança da dispensação visto que o número de medicamentos foi reduzido consideravelmente de acordo com os dados compilados no período de dispensação de 8/8hs e depois da de 2/2 hs e a redução da quantidade de papel economizado mensal equivale a quase 3 pés de árvores de eucalipto.